domingo, 28 de outubro de 2012

Chega de enganação no futebol.

Pode-se discutir tudo acerca do gol de mão de Barcos que impediria a derrota de um Palmeiras agonizante, à beira do inferno, para o Inter. A grandeza da democracia tolera certos exageros em nome da livre expressão de ideias. Nunca é demais lembrar que muitos lutaram à morte por este direito sagrado.

Que siga assim, para todo e sempre.
Mas é óbvio, como são óbvias a honestidade e a retidão de caráter do goleiro Marcos, um dos primeiros a repudiar o comportamento do seu clube, que a tese da suposta ajuda da TV para invalidar o gol é manobra diversionista. Primeiro, pela inexistência de provas sobre a interferência de um agente externo ao jogo. Segundo, por que isso não tem a menor importância.
É preciso manter o foco. Do contrário, corre-se o risco de gastar energia discutindo sexo dos anjos. O fato principal, indesmentível, irrefutável, irrevogável e grande como a história do Palmeiras, é que Barcos fez o gol com a mão. Como a questão legal não se discute – gol de mão não vale –, o episódio torna-se mais grave.
Barcos agiu de propósito (tomara que reflita e corrija o erro, ainda está em tempo), com a intenção de enganar o árbitro Francisco Carlos Nascimento. Foi assim no lance, seguiu neste tom durante a reclamação dos jogadores e se agravou, do ponto de vista ético, quando o competente técnico Gilson Kleina falou em “vergonha’’.
Klose, da Lazio e da seleção alemã, anulou um gol seu feito com a mão (pode acontecer, na rapidez de reflexos, de o jogador levar a mão à bola no instinto de empurrá-la para as redes). Recusou-se a receber prêmio da federação por ter avisado ao árbitro. Disse que ser honesto era obrigação.
O Millonarios, adversário do Grêmio na Sul-Americana, quer devolver as taças de campeão nacional de 1988 e 1989. As considera ilegítimas. Foram vencidas com ajuda do dinheiro do narcotráfico. A Colômbia inteira sabe disso. O atual presidente, Felipe Gaitán, não quer esta mancha na vida do Millonarios. Uma parte da torcida não gostou, mas muita gente bateu palmas.
Ontem, Fernando Torres foi expulso por simulação grotesca contra o Manchester United. Não vi um só companheiro seu do Chelsea reclamar. Nas escolinhas, instrutores sofrem com piás de seis ou sete anos simulando faltas ou, pior, as cometendo sem que o “psor” veja. Aí uns reclamam, é claro que o professor não consegue ver tudo, e dá um rolo danado.
As crianças agem assim por má índole? Claro que não. Ele são uns anjinhos, ainda que pestes. Mas o que assistem na TV? Peixinhos na área em busca do pênalti. O braço aberto para acertar o cotovelo do adversário na hora do salto. Quedas cinematográficas para enganar o árbitro. Sendo assim, qual o problema de fazer gol com a mão, se o negócio é ganhar, não importa como?
Quero que meu filho veja um Klose na TV. Que escute o dirigente que não aceita ser campeão com dinheiro sujo. Que perceba os companheiros chateados com o parceiro que foi expulso por simular falta. Que sinta a indignação de Marcos, multicampeão assim como Klose. Chega de fazer o errado e descolar argumentos para vendê-lo como certo.
Perdedor é quem engana. Chega de enganação.

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