quinta-feira, 6 de junho de 2013

E o Vento Levou...

E o vento levou...
Aqueles amigos e amigas que me acompanham nos meus comentários sabem que gosto muito de história e sempre procuro fazer um link entre o presente e o passado.
Este é o caso de hoje em que relembro um fato que muitos acompanharam ao vivo pela televisão.
Era mais uma noite quente de verão quando os tanques cercaram a Praça da Paz Celestial (Tiananmen), em Pequim, capital da República Popular da China.
O mundo acompanhava com grande expectativa o que acontecia, pois parecia que ventos de liberdade chegavam a este país que vivia sob forte repressão desde antes da “Era Mao”.
A certa altura, as luzes foram apagadas e o massacre começou.
Cerca de 40 mil soldados haviam sido chamados do norte do país, depois que o batalhão estacionado na capital havia se negado a cumprir as ordens para acabar com a manifestação pacífica por liberdade e democracia, promovida durante seis semanas na praça central.
Já os soldados do interior da Mongólia, com seus experientes oficiais que haviam lutado no Vietnã, não conheciam estes escrúpulos. Os tanques invadiram a praça, atropelaram os manifestantes e atiraram em tudo o que se movia, promovendo um verdadeiro banho de sangue.
Até hoje, não se sabe o número exato de mortos, calculado entre dois e cinco mil pessoas, além de mais de sessenta mil feridos.
Desde 1978, Deng Xiaoping, secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) entre 1976-97 e criador do chamado “socialismo de mercado”, regime vigente na China moderna, havia liderado uma série de reformas políticas e econômicas, que buscavam o estabelecimento gradual de uma economia de mercado e certa liberalização política.
Estas reformas se distanciavam do sistema estabelecido por Mao Tsé-tung, levando a insatisfação com o governo por parte de dois grupos.
O primeiro grupo incluía estudantes e intelectuais, que acreditavam que as reformas não eram suficientes e que a China necessitava reformar o seu sistema político, dado que as mudanças econômicas somente afetavam os fazendeiros e os trabalhadores da indústria.
Além disso, os intelectuais estavam descontentes com os rígidos controles políticos e sociais que o PCC exercia. Já o segundo grupo era constituído principalmente por trabalhadores da indústria que acreditavam que as reformas haviam sido tímidas, causando inflação e desemprego, dificultando suas vidas.
Toda esta agitação teve também forte influência da liberalização política, conhecida como “Glasnost”, empreendida na União Soviética por Mikhail Gorbachev, que estivera na China poucos dias antes do massacre.
A visita do então líder soviético levou a imprensa de todo o mundo à China, o que acabou por causar a divulgação “ao vivo” dos acontecimentos na Praça da Paz Celestial.
As redes BBC e CNN tiveram um papel decisivo na cobertura dos protestos e da violenta e descabida ação das autoridades chinesas contra os manifestantes, e também contra a imprensa internacional. Vinte e um anos após este trágico massacre, a China mudou muito, mas as liberdades democráticas ainda não passam de um “sonho distante” enterrado naquela noite de verão, 4 de junho de 1989, e que persiste severamente reprimido por um estado autoritário.
Hoje quando definitivamente o fim da “Guerra Fria” sepultou os antagonismos ideológicos, as grandes nações do mundo estão mais preocupadas com suas relações comerciais e o quanto podem ganhar no mercado internacional do que com a repressão e morte de ativistas políticos em qualquer canto do planeta.
Passados vinte e dois anos deste episódio, pouco ou quase nada mudou na China, pelo menos no que tange às liberdades individuais e a democracia.
Quando assistimos ventos de liberdade soprarem em outras regiões do planeta, como no oriente médio, ficamos céticos com o que pode acontecer.
Liberdade” é uma palavra que não combina muito bem com os interesses comercias do mundo moderno que se sobrepõem a qualquer outra questão ideológica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Casa no Jardim Porto Alegre.

Imobiliária Brasil Prime, CRECI J 6380. Vende Casa Localizada no Jardim Porto Alegre. Cód. 430 Valor R$ 500.000,00. Com aproximadamente 17...