Em Curitiba, conversando com um grupo de pessoas que trabalha com
pesquisas na área de segurança pública, fiquei abismado com o alto
índice de homicídios na capital e região metropolitana. Nas últimas três
semanas foram mais de 70 homicídios (crimes à bala), sem contar as
pessoas feridas, que vão à óbito dois, três ou mais dias, após
internamento hospitalar.
Enquanto a violência corre solta, o governo Beto Richa usa a mídia
para dizer que os índices de homicídios caíram 12%. Gostaríamos que o
governador abrisse esses números para a sociedade, porque a Secretaria
de Segurança Pública se nega a fornecer tais números, alegando
“questões de segurança”. Portanto, os índices da criminalidade
divulgados pelo governo são manipulados, não procedem.
O interessante, segundo relato do grupo, é que os homicídios ocorrem
de quarta-feira até a zero hora de domingo e as fontes oficiais só falam
em crimes à bala nos finais de semana. Outro erro.
O mais patético ainda é que o governador Beto Richa quer criar a
Divisão de Crimes contra a Pessoa (homicídios) e não tem sequer um
planejamento para isso. Não possui um prédio adequado, não sabe que são
necessários perto de 100 investigadores; 20 escrivães; 20
papiloscopistas; 40 veículos; treinamento de pessoal e orçamento.
Hoje, a Polícia Civil paranaense conta com 5.200 agentes para atender
10 milhões de paranaenses. Seriam necessários perto de 12 mil homens.
Lembramos ainda que, no Paraná, mais de 100 comarcas não contam com
delegados, o que é um absurdo. Mais absurdo ainda é que a segurança
pública possui apenas um helicóptero que só levanta voo com ordem do
Comandante da Polícia Militar, do secretário de Segurança ou do chefe da
Casa Militar.
Mais preocupante ainda é que a Divisão Estadual de Narcóticos conta
com apenas dois delegados, 13 investigadores e quatro escrivães. Em
Curitiba, o tráfico de drogas pulverizou. Os comerciantes de drogas
saíram das principais praças do centro da cidade e foram, à noite, para o
Largo da Ordem (centro histórico) e para as praças mais distantes, como
Menonitas, Carmo, Terminal do Boqueirão, Cidade Industrial de Curitiba,
Vila Verde, Caiuá, Barigui I, II e III, Sitio Cercado e Bairro Novo.
Observamos, também que a Polícia Científica precisa ser
reestruturada. O exemplo que chamou a atenção de todo o País, inclusive
com prisão de policiais torturadores, foi o caso da adolescente Tayná
Adriane da Silva, estuprada e morta e cujo crime, que derrubou o
diretor-geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius Michelotto, há seis
meses, até agora não foi elucidado. Ou seja, não previne e não elucida.
O governo federal tem se esforçado e feito parcerias apoiando o
Estado na construção de penitenciárias, na aquisição de equipamentos de
vigilância.
E, para reforçar a segurança na região de fronteira, o governo
federal aumentou o efetivo da Polícia Federal, dentro do Plano
Estratégico de Fronteira do Governo Federal. Hoje a Polícia Federal
conta com 11 mil policiais e 40% deles estão em estados fronteiriços.
A sociedade paranaense precisa de respostas efetivas e não apenas de discurso.
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