segunda-feira, 31 de março de 2014

Da ditadura militar à ditadura da mídia e do judiciário.

Os 50 anos do Golpe de 64, potencializou nas últimas semanas as discussões sobre a ditadura militar. Toco nesse assunto com a certeza de que esse período de mais de duas décadas, manchado por torturas e mortes, marca a história de guerreiros que lutaram pela liberdade social do nosso país.
 
Confesso que a nossa recente democracia, que já alcançou grandes vitórias, ainda precisa evoluir muito. Não sofremos mais das ordens militares armadas, com perseguição e exílio, mas ainda convivemos com os abusos de uma mídia preconceituosa de direita, que manobra a opinião pública e, surpreendentemente, nos deparamos com a força autoritária de uma justiça que age com dois pesos e duas medidas, culminando em prisões injustas.
 
Digo isto de coração aberto, como filho de José Dirceu, um líder da resistência, que em 1968 foi preso e deportado do país por sonhar com um Brasil onde os cidadãos pudessem ser atores políticos e donos de sua própria forma de expressão, numa época em que se falar em pobreza, igualdade social e acesso à saúde significava ser taxado de comunista.
 
Fico emocionado ao lembrar do sofrimento da minha avó que ficou 10 anos sem notícias do seu filho e da preocupação da minha mãe que a todo momento temia que eu fosse sequestrado como forma de retaliação dos militares. Quando os resultados desse sacrifício começaram a acontecer, o pesadelo voltou.
 
Meu pai vive hoje mais uma vez a prisão, depois de um julgamento sem provas, injusto e pautado pela grande imprensa. Ele paga o preço caro por ter lutado contra a ditadura e participado a partir da década de 80 do processo de redemocratização do país, quando ajudou na fundação e teve papel decisivo na construção do maior partido político do Brasil, o PT.  Assume com coragem o fato de ser um homem que não nega a superação de grandes desafios, como no caso em que, junto com outros companheiros, atuou na instauração da CPI que teve como consequência o impeachment do Collor.
 
Aos 68 anos de idade, “O Zé guerreiro do povo brasileiro” carrega nos ombros o peso por ter contribuído na construção de um projeto político que levou o primeiro siderúrgico a ocupar o cargo de presidente do Brasil e a tirar mais de 36 milhões de brasileiros da miséria.
 
Hoje, condenado ao regime semi-aberto, meu pai está mantido há mais de 130 dias em regime fechado, sem autorização para trabalhar. Um absurdo incabível! Uma prova de que ainda estamos submetidos a padrões ditadores e autoritários que não respeitam o ser humano e seus direitos constitucionais.
 
Para provar a parcialidade no tratamento do caso, na semana passada o STF- Supremo Tribunal Federal concedeu corretamente a Eduardo Azevedo – do PSDB, o direito de ser julgado no mínimo em duas instâncias judiciárias, o que foi negado a meu pai. O STF provou ser justo com o PSDB e injusto com o PT, isto é inaceitável!
 
Como se tudo ainda fosse pouco, meu pai ainda é acusado de se favorecer de privilégios na cadeia.  Uma piada de mau gosto se o observador fizer uma reflexão mais profunda e observar a verdade, longe da superficialidade enganadora da comunicação de massa.  Qual é o privilégio? Ser julgado sem direito a recurso? Qual é o privilégio? Ser condenado sem provas? Qual o privilégio? Ser condenado a semi-aberto e cumprir em regime fechado?
 
É assim que a oposição, que não consegue nos vencer nas urnas, tenta nos destruir com o seu poder típico rasteiro.  Não irá funcionar, porque continuamos com punhos cerrados e não fugimos da luta. Não teremos medo de enfrentar novamente a repressão da grande mídia maquiada com o rótulo mentiroso da transparência e venceremos mais uma vez a noite escura, desta vez assombrada pelo autoritarismo judiciário.
 
A prisão, por um determinado tempo, poderá continuar a conter a ação física dos revolucionários dos anos 60 e 70, mas nunca conseguirá aprisionar os seus ideais e sonhos. O trabalho continua forte porque a nossa disposição em executar este grande projeto político pelo povo brasileiro é gigante.
 

A luta continua!

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